segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sonho



Sonho

Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade


Solto para onde estás, e fico de ti perto!


Como, depois do sonho, é triste a realidade!


Como tudo, sem ti, fica depois deserto!




Sonho... Minha alma voa. O ar gorjeia e soluça.


Noite... A amplidão se estende, iluminada e calma:


De cada estrela de ouro um anjo se debruça,


E abre o olhar espantado, ao ver passar minha alma.



Há por tudo a alegria e o rumor de um noivado.


Em torno a cada ninho anda bailando uma asa.


E, como sobre um leito um alvo cortinado,


Alva, a luz do luar cai sobre a tua casa.



Porém, subitamente, um relâmpago corta


Todo o espaço... O rumor de um salmo se levanta


E, sorrindo, serena, apareces à porta,


Como numa moldura a imagem de uma Santa...

Olavo Bilac

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